Logística Reversa: Como funciona, importância e benefícios 

Um termo relativamente novo se faz cada vez mais presente no nosso dia a dia, e mesmo que ainda seja um tema que acarrete dúvidas na maioria, é imprescindível entender o que é e como funciona a logística reversa.

Para quem nunca ouviu falar em logística reversa, saber o que ela representa e a sua importância para o futuro do planeta e cuidados com o meio ambiente é super importante, uma vez que ela contribui fortemente com o processo de sustentabilidade, que apesar de já ter sido plantado, floresce de maneira mais lenta que deveria.

Por isso, compilamos as informações necessárias para que seja possível compreender o conceito, a importância, o funcionamento na prática e ainda mencionamos alguns exemplos de logística reversa.

O que é logística reversa?

O conceito de logística reversa é bastante amplo, uma vez que ela é a responsável por todos os processos que envolvem o pós-venda, a partir do recebimento e uso de um produto até o momento do descarte de resíduos que ele deixará. E é provável que você esteja se perguntando, como assim? Vamos explicar.

A logística reversa é responsabilidade conjunta, que envolve o poder público, a sociedade de consumo e o setor privado, de maneira concomitante. Todos se envolvem nos procedimentos de utilização e descarte de forma correta os produtos e resíduos que são provenientes de qualquer compra.

Por isso  o PNRS (Programa nacional de resíduos sólidos) criou esse programa, a logística reversa, que faz exatamente o caminho contrário ao da logística de venda e entrega de cada produto. Vai do descarte correto pelo consumidos, ao reaproveitamento de seus componentes, e por fim o descarte final feito pelos fabricantes do que não pôde ser aproveitado, de forma segura para o meio ambiente e saúde da população.

Como funciona a logística reversa?

O programa tem como meta não só o descarte adequado aos produtos que não têm mais utilidade, mas também tem como objetivo diminuir a extração de matéria prima através da reutilização de componentes aproveitados do descarte, além da diminuição dos custos de diversos produtos que podem ser montados graças a reintrodução de de peças que foram desprezadas pela falta de uso.

Etapas da logística reversa

A etapa inicial é receber no lugar correto todos os produtos que foram comprados, utilizados e descartados, para então começar a fase de separação de componentes que podem ser reutilizados, e sua posterior distribuição para as empresas e indústrias. 

Então os produtos passam pelo  processo de coleta, o transporte, a triagem e recuperação de materiais descartados, o condicionamento de componentes, e finalmente o descarte ambientalmente seguro e correto do que não for mais utilizado.

Benefícios da logística reversa

Os benefícios da logística reversa são inúmeros, e a cada atualização da lei que regulamenta a política ambiental de descarte de resíduos sólidos, mais implementações que beneficiam diretamente a indústria e o consumidor são regulamentadas. 

O que pode parecer um investimento alto a curto prazo para fabricantes, se torna a médio e longo prazo uma possibilidade de negócio incrível, desenvolvimento de novas vagas de trabalho, e geração de renda. 

Além de reduzir os custos de fabricação de itens através do aproveitamento dos itens descartados.

Quando a logística reversa foi criada e regulamentada, o papel dos catadores se tornou ainda mais importante numa cadeia de consumo, uma vez que na maior parte das vezes eles são os responsáveis por separar e coletar materiais descartados. 

E com o surgimento de espaços que recebem esse tipo de material, a renda deles e de suas famílias está garantida. Com a criação do programa, os catadores passam a ter prioridade em recolher e distribuir os materiais recolhidos. 

Assim eles têm a renda garantida, pois são os catadores que livram nossas ruas do acúmulo absurdo de lixo. 

Depois da triagem feita, muitos componentes desses resíduos são reaproveitados, o que acaba por diminuir o impacto ambiental de várias maneiras. Em primeiro lugar, o meio ambiente vai receber menos lixo. 

Em segundo, a quantidade de matéria prima a ser produzida, que seria necessária para produção de inúmeros itens diminui, gerando menor dano ambiental e diminuindo custos de produção. 

Em terceiro, após reaproveitar tudo que for possível, por pessoas qualificadas e treinadas (já falamos em novas possibilidades de empregos?) o lixo será descartado de forma e ser o menos agressivo possível ao meio ambiente. Por isso a responsabilidade da logística reversa passa pela sociedade civil, pelos fabricantes e por órgãos públicos. 

Tipos de logística reversa e exemplos

Existem atualmente dois tipos de política de logística reversa, como veremos abaixo:

  • Logística reversa pós-consumo – é aquela em que o processo se inicia logo após o descarte do material, quando sua vida útil termina. E esse tipo de logística além de ser o que mais chama atenção, pois através dele é possível fazer o reuso e descarte corretos dos seus componentes. Através desse tipo de logística é possível diminuir o volume de lixo que vai para os aterros sanitários, reduzir o uso de recursos naturais e de itens poluentes, gerar novos negócios e vagas de trabalho voltados para coleta, recebimento, separação e reaproveitamento de componentes descartados, obter custos reduzidos na fabricação de itens onde seja possível fazer a reutilização de materiais descartados, etc.
  • Logística reversa pós-venda – já nesse modelo de logística os produtos não chegaram a ser utilizados, parcial ou completamente. Sua vida útil não chegou ao fim, então muitas vezes os produtos são coletados praticamente novos, ou mesmo novos. Isso se dá em razão de falhas na fabricação do produto ou em sua entrega. Estamos falando de erros nas entregas, recalls, defeitos em peças, etc. Com isso esse tipo de produto retorna praticamente pronto para ser integralmente aproveitado.

Para exemplificar, vamos a um dos maiores sucessos de casos de logística reversa no Brasil, que é o reaproveitamento de pneus, que antes iam parar em lixões, ao passo que hoje os materiais são utilizados para fabricação de asfalto, diversos brinquedos, materiais descartáveis, escadas e outros itens muito utilizados. 

Temos também o reaproveitamento de papel e papelão, que se transformam nos mais diferentes itens do nosso dia a dia, desde caixas de presente, embalagens de produtos, artigos de festa, de decoração, etc.

Segue abaixo os itens já regulamentados pela lei:

  • Agrotóxicos, seus Resíduos e Embalagens
  • Baterias de Chumbo Ácido
  • Eletroeletrônicos e seus componentes de uso doméstico
  • Embalagens de Aço
  • Embalagens em Geral
  • Embalagens Plásticas de Óleos Lubrificantes
  • Latas de Alumínio para Bebidas
  • Lâmpadas Fluorescentes, de Vapor de Sódio e Mercúrio e de Luz Mista
  • Medicamentos, seus Resíduos e Embalagens
  • Pilhas e Baterias
  • Pneus Inservíveis
  • Óleos Lubrificantes Usados ou Contaminados (OLUC)

Diferença entre logística verde e reversa

As duas logísticas, tanto a verde quanto a reversa, são fundamentais para o meio ambiente, uma vez que diminuem tanto a extração quanto a produção de matéria prima, já que muitos componentes são aproveitados do material descartado, e aliado a isso, o descarte de forma correta, ambientalmente segura, do que realmente não puder ser aproveitado.

Mas cada uma, a seu modo, faz sua parte para manutenção e cuidado com o meio ambiente. No caso da logística verde a preocupação é com a redução do impacto ambiental devido a métodos mais sustentáveis de vida, produção, consumo e cuidados. Como por exemplo diminuir o uso de automóveis para evitar emissão de poluentes na atmosfera.

Já com a logística reversa o cuidado com o meio ambiente e o mundo de forma geral se dá através do reaproveitamento de itens de produtos descartados que iriam para o lixo, mas que na verdade podem diminuir a extração e fabricação de novas matérias primas, ou seja, menos itens a serem descartados, menor impacto ambiental e novas possibilidades de ganhos e economia.

Logística reversa e sustentabilidade

Em 2022 o Governo Federal alterou a PNRS, e criou o programa nacional de logística reversa, com normas que distribuem corretamente a responsabilidade pela realização de diversas etapas da logística reversa entre as diferentes camadas da sociedade de consumo. Quem compra, quem vende, e quem oferece benefícios e regulamentação para o programa.

Dito isso, é importante ressaltar a importância enorme desse tipo de política tanto em questão de proteção ambiental e sustentabilidade, quanto em questões financeiras. Mas, sem gestão, acompanhamento e fiscalização adequados, o programa pode não funcionar ou ser aplicado corretamente.

Legislação sobre logística reversa no Brasil

Diz a Lei:

“Art. 13.  A logística reversa é instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações, de procedimentos e de meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou para outra destinação final ambientalmente adequada.”

E o decreto também ressalta:

“Art. 3º  Os fabricantes, os importadores, os distribuidores, os comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos.

Parágrafo único.  A responsabilidade compartilhada será implementada de forma individualizada e encadeada.

Art. 6º  O Poder Público, o setor empresarial e a sociedade são responsáveis pela efetividade das ações destinadas a assegurar a observância à Política Nacional de Resíduos Sólidos e ao disposto na Lei nº 12.305, de 2010, e neste Decreto.”

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